PRAZER, MARINA CARVALHO Você escolhe ser arquiteta ou a arquitetura é que escolhe você? Basta olhar para trás para entender como essa resposta começa a ser desenhada. Em minha infância e adolescência, o desejo pela “sensação de casa”, “de lar”, foi muito marcante. Lembro de me encantar com aqueles panfletos de apartamentos à venda, que eram entregues nos semáforos. Naquela época, a arquitetura como conheço hoje ainda não existia, claro. Mas, de alguma forma, ela já estava lá. Quando lembro do curso técnico de Design de Interiores que fiz no Senac, lá no comecinho, fica claro como aquilo foi uma espécie de “teste” que impus a mim mesma. A posterior graduação na faculdade de Arquitetura e Urbanismo, o MBA em Gestão Estratégica e Econômica de Projetos na Fundação Getúlio Vargas, os diversos cursos (iluminação, fotografia, paisagismo, cenografia), tudo isso serviu, de alguma forma, para dar vazão à inquietude daquela menina que, lá atrás, se preocupava menos com a boneca, e mais com a casa dela. Ainda no início de minha carreira, depois de trabalhar no Estúdio Penha, e, posteriormente, com o Arthur Casas, ocupei por muitos anos um cargo de coordenação de grande responsabilidade em uma das maiores incorporadoras da América Latina. Só que, mais importante do que todo o aprendizado que tive ali, essa etapa da minha vida serviu para um clique fundamental em minha carreira: a percepção de que a verdadeira realização só viria quando eu pudesse levar às pessoas tudo em que eu acreditava. E para isso, a Marina precisaria encontrar a Marina. Dei uma guinada geral: saí do país e fui morar em Londres, ampliar os horizontes, respirar novos ares, questionar a tudo – incluindo a mim mesma. Não é exagero dizer que até este site onde você está agora começou a ser desenhado ali. A decisão de montar meu próprio escritório passou pela certeza de que qualidade e satisfação do cliente, para mim, vêm na frente de tudo. Porque a independência e a liberdade de fazer aquilo em que eu realmente acreditava por meio de um projeto autoral não se precifica. Ficar bonito é essencial, desde que não comprometa o ponto que considero o mais importante para um projeto: sua funcionalidade. A união desses dois elementos são a garantia de um cliente feliz agora e no futuro. Hoje, trabalhamos aqui no escritório com um questionário de várias páginas para entendermos a fundo quem é esse cliente. Seu estilo de vida, os horários de trabalho e lazer de cada uma das pessoas da casa – até a estatura dos moradores é levada em consideração. Se cada pessoa é única, cada casa também deve ser. Isso torna meus projetos precisos, sem dúvidas e sem erros. Perceber nos olhos do cliente aquele sentimento de alegria e satisfação no dia da entrega é o que me faz acordar feliz todos os dias. E saber que esse sentimento vai perdurar por muito tempo é o que me faz dormir tranquila todas as noites. Porque o projeto ideal é aquele que, além de tudo, continua atual por muito, muito tempo. Bem-vindo. Bem-vinda.