CS House
- Descrição
- Esta casa de campo foi pensada para uma família com dois filhos e muitos amigos. Encontra-se num condomínio fechado e, embora rodeado de vizinhos, goza de algum isolamento destes, pelo que o projeto pode explorar melhor a interação entre os espaços interiores e exteriores. Aspectos relevantes da proposta são poder contemplar o amanhecer, o pôr do sol e as vistas abertas para a natureza. Da varanda e de seus quartos conjugados, avista-se o pôr do sol. Da piscina, o horizonte. O pátio recebe o sol da manhã. A área social, portanto, tem vista panorâmica – para a frente e para os fundos do imóvel – e a grande quantidade de luz natural testemunha a passagem do dia. O conceito é de uma fazenda brasileira. Os seis quartos estão organizados em dois blocos independentes, sendo todos os quartos de dimensões generosas. O coração da casa é uma ampla sala de estar que é, ao mesmo tempo, um espaço para relaxar, comer e brincar. Um lugar para diferentes formas de partilha. A arquitetura organiza-se em três blocos principais: o central, com a sua zona de estar, e os dois blocos de quartos que ladeiam a sala em sentidos opostos, acompanhando o terreno. Um pergolado com estrutura metálica, ripas de madeira e vidraças circunda a área social, criando uma varanda que circunda o coração da casa, como em uma típica casa de fazenda brasileira. Além de presenciar as mudanças de luz durante o dia, a pérgula cria espaços de transição que conectam a sala e os quartos: na área familiar, é um corredor que a liga à cozinha, enquanto no acesso aos quartos de hóspedes forma um galeria envidraçada. O vidro dá a sensação de caminhar ao ar livre. Há uma clara distinção entre as áreas: a sala tem telhado de duas águas assimétricas – uma menos inclinada e mais comprida, cobrindo parcialmente a outra, por sua vez de vidro – e pé-direito alto, de cerca de sete metros, enquanto os quartos, embora também cobertos por telhados de duas águas, são de altura regular. As áreas de serviço – casa da empregada, garagem e lavanderia – são cobertas por uma cobertura plana de concreto. O bloco mais alto, o living, é construído com paredes duplas de tijolos maciços de demolição, e os blocos inferiores, os dormitórios, possuem tapumes de pedra. A distinção nos materiais assinala as referências campestres, que se complementam com a utilização da madeira nos pavimentos interiores e nas janelas, bem como os tons de verde aplicados aos componentes metálicos – como as arestas do telhado, a viga de contraventamento no paredes de tijolo e os caixilhos das janelas e portas, de ferro. Essas escolhas ajudam a enfatizar o conceito arquitetônico de unir blocos de diferentes programas, levando às empenas dos blocos de dormitórios que, escondendo os perfis das coberturas, destacam as texturas e tonalidades das pedras e tijolos. A seleção e disposição dos tijolos de demolição, de cores e tamanhos variados, colaboram com a rusticidade da arquitetura. O mesmo vale para as pedras que revestem as paredes, as peças amareladas escolhidas para combinar com a cor predominante dos tijolos. No interior, o pé-direito alto da sala é humanizado pelas vidraças da empena mais curta e inclinada. Virado a sul, revestido com película anti-reflexo e protegido da luz solar direta pela segunda cobertura, funciona como uma claraboia que revela a luz do dia transformando-se em céu noturno. As esquadrias das janelas e portas foram feitas sob medida. Eles estão estrategicamente posicionados tanto para acomodar o fluxo de pessoas quanto para emoldurar a paisagem, priorizando a subdivisão das aberturas (as esquadrias são metálicas) em caixilhos menores (então feitos de madeira). Desta forma, as caixilharias são esbeltas e versáteis, com uma folha inferior fixa e uma folha superior rebatível aqui, um pivô ali, entre outros, sempre de acordo com os espaços sob a sua influência. Ao lado da marcenaria e parte do mobiliário feitos sob medida – como estantes e balcões, estes de concreto – e da criteriosa seleção de peças vintage, uma constante nos projetos do Estúdio Penha, as janelas e portas marcam cada cantinho da casa, criando uma composição harmônica, até mesmo na relação de diferentes móveis e atividades, como as que integram o living. Neste sentido, destaca-se a rigorosa disposição das instalações elétricas e tubagens, tudo à vista. Organiza o que normalmente parece caótico e confere beleza a um tipo de elemento – tubos, perfis e condutas – originalmente de interesse secundário, mas fundamental na funcionalidade da casa. No living, a iluminação é posicionada a meia altura, as eletrocalhas apoiadas em extensores fixados no teto e spots que por sua vez ficam voltados para a parede, para o piso e para o teto, para realçar a sensação espacial do ambiente.
- Fotógrafo
- Fran Parente
Galeria